(pág. 102 - 103)
(...)
- O homem não morre?
- Qual homem? - perguntou o comendador.
- O brasileiro - respondeu o cirurgião.
- Graças ao Altíssimo! - exclamou Teresa.
Tu devias também exclamar alguma cousa! - me disse António Joaquim. - Bem se vê que tens calo no sentimento! Não há surpresa que comova um romancista, vezado a inventar surpresas, que transcendem os limites do disparate.
- Estou pasmado; mas não exclamo - disse eu.
- O brasileiro - continuou o meu amigo -, assim que se viu ferido numa espádua, declarou que estava morto, e caiu sem sentidos. Os homens da justiça levaram-no para casa com reputação de defunto, e...
- E os sinos - ajuntei eu -, que não tinham razão para serem mais entendidos em ferimentos que os oficiais de justiça, começaram espontaneamente a badalar a finados.
- Não foi tanto assim. Os sinos dobravam por uma velha que morrera na freguesia vizinha; e, como ela era irmã de uma confraria da outra, tinha sufrágios de uma missa, e um toque a defuntos. Tanta pergunta! É costume teu amiudares as explicações aos teus leitores?!
- É, quando os sinos tocam a defuntos por pessoas que não morreram. E depois?
(...)
In "Vinte Horas de Liteira" - C.C.B.
(...)
- O homem não morre?
- Qual homem? - perguntou o comendador.
- O brasileiro - respondeu o cirurgião.
- Graças ao Altíssimo! - exclamou Teresa.
Tu devias também exclamar alguma cousa! - me disse António Joaquim. - Bem se vê que tens calo no sentimento! Não há surpresa que comova um romancista, vezado a inventar surpresas, que transcendem os limites do disparate.
- Estou pasmado; mas não exclamo - disse eu.
- O brasileiro - continuou o meu amigo -, assim que se viu ferido numa espádua, declarou que estava morto, e caiu sem sentidos. Os homens da justiça levaram-no para casa com reputação de defunto, e...
- E os sinos - ajuntei eu -, que não tinham razão para serem mais entendidos em ferimentos que os oficiais de justiça, começaram espontaneamente a badalar a finados.
- Não foi tanto assim. Os sinos dobravam por uma velha que morrera na freguesia vizinha; e, como ela era irmã de uma confraria da outra, tinha sufrágios de uma missa, e um toque a defuntos. Tanta pergunta! É costume teu amiudares as explicações aos teus leitores?!
- É, quando os sinos tocam a defuntos por pessoas que não morreram. E depois?
(...)
In "Vinte Horas de Liteira" - C.C.B.
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