Casa de Camilo

Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco
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Seide Saúda-vos!

28 de dezembro de 2010

O Demónio do Ouro

Tem-se discutido se é a qualificação de romance ou a de novelista que mais convém a Camilo. Sem pretendermos reatar aqui tal discussão, que evidentemente parte de uma distinção entre romance e novela, aceitável parece que o grande escritor haja possuído o génio sintético, directo e de certo modo linear do novelista. Sendo, porém, o romance um género volúvel e multiforme, - coisa a que nem sempre atendemos quando definimos romance sobretudo pelos grandes romances europeus do século XIX - igualmente se nos afigura devermos reconhecer que várias produções ficcionistas de Camilo merecem o nome de romances. O Demónio do Ouro é uma delas. E é o que se pode chamar um folhetim...
...
Provavelmente não é um dos melhores livros de Camilo, como em parte já no-lo podem fazer suspeitar as propriedades que lhe apontámos: As suas obras primas são, no geral, mais simples, menos intrincadas, avançando mais rectamente para o desfecho trágico... ou feliz. 
...
A presença de Camilo em O Demónio do Ouro como em tantos outros dos seus romances e novelas, eis portanto, por um lado, a razão de certos desequilíbrios de tais obras. E por outro lado se torna essa presença um dos seus encantos, - uma aliciante companhia: Não é a dum comentador excelente, dum poeta conhecedor da comédia humana, dum subtil humorista às vezes, dum ironista muito pessoal, dum violento zombador a quem não fica alheio o chamado humor negro? Sendo uma espécie de suma das características do autor, (onde o fascínio dum grande amor infeliz, tão do seu gosto, não pôde entrar) certamente permanece. O Demónio do Ouro - e até nos excessos! - uma das suas grandes obras representativas.

José Régio (Nota Preliminar in "O Demónio do Ouro" - 6ª edição, 1970)

Um romance em dois volumes.

Começa assim:

O Demónio do Ouro - I

«João Veríssimo Vieira, mestre de primeiras letras na vila da Póvoa de Lanhoso, em 1750, era homem de bem, e suficientemente entendido no seu magistério. Tinha estudado para padre, e prometia então, com o porte exemplar da sua mocidade, vir a ser modelo de clérigos; mas, aos vinte e um anos, quando já revestia sobrepeliz e garganteava salmos nos mortuórios, viu em hora esquerda uma pobre quanto esbelta moça de olhos tão feiticeiros que não houve mais delinçar-se dela.»

 E termina assim o primeiro volume: XXXIII

«Meu filho, o anjo do infortúnio faz muito menos vítimas que o demónio do ouro.»


Foto da autora deste blogue.

17 de dezembro de 2010

Caricaturas... escritores portugueses

Blogue:


Imaginemos estes grandes homens das letras conversando... "Como vai este país?"






José Saramago e Ary dos Santos proclamam que o soneto de José Régio é o que mais define a situação actual:

Soneto quase inédito



Surge Janeiro frio e pardacento,

Descem da serra os lobos ao povoado;

Assentam-se os fantoches em São Bento

E o Decreto da fome é publicado.



Edita-se a novela do Orçamento;

Cresce a miséria ao povo amordaçado;

Mas os biltres do novo parlamento

Usufruem seis contos de ordenado.



E enquanto à fome o povo se estiola,

Certo santo pupilo de Loyola,

Mistura de judeu e de vilão,



Também faz o pequeno "sacrifício"

De trinta contos - só! - por seu ofício

Receber, a bem dele... e da nação.


JOSÉ RÉGIO - Soneto escrito em 1969



Retiradas as caricaturas daqui:
http://desenhosdorui.blogs.sapo.pt/tag/caricaturas


4 de dezembro de 2010

O Espírito das Noites de Insónia...

Foto da autora deste blogue.


Falar da vida depois da morte e, mais propriamente, de Camilo Castelo Branco visto pela óptica do “Além”, pode ter a função do “desassombramento” da sua alma, do levantar do véu das sombras que sempre pairaram sobre a sua pessoa. O suicídio é tabu, não é aceite pelo mundo religioso cristão, é a rejeição do ser que não aceitou a vida, ainda que este tenha sido levado a um extremo de sofrimento e intolerância do viver.
 “Memórias de um suicida”, o livro de doutrina espírita que pretende elucidar sobre os padecimentos após o suicídio e que não acabam na morte física, nem no desaparecimento de sensações do espírito e da alma, mas na continuação de um sentir ainda mais amplo das dores e de um padecimento mais atroz. Assim trata o livro, de um trajecto que vai desde o mergulho na mais profunda dor e escuridão, passando pelo lento tratamento de reedificação da alma despedaçada, até à redenção e auto-perdão, culminando na reencarnação seguinte, para expiação.
 Mas, Camilo Castelo Branco visto nesta perspectiva gera sérias dúvidas, pois trata-se de uma figura pública, bem conhecida do mundo literário, do mundo racional, culturalmente céptico em relação a estes assuntos espirituais do além. Será que foi mesmo Camilo que ditou estas mensagens de vida depois da morte, traduzidas por uma médium espírita?

Por este motivo se reuniram os leitores de Camilo, na Casa de Seide, onde a proximidade de espaço com o escritor, o panorama  do últimos momentos ali vividos, nos deixou reflectir e aprofundar um pouco mais o assunto de vida após a morte. Um tema de todo polémico, pois traz novidades de pensamentos, reacções de rejeição/aceitação a fenómenos conhecidos entre nós de paranormais -  apesar de o único som “estranho” ter sido o bater das horas do relógio da casa, que, Camilo, certamente se fartou de ouvir em longas noites de insónia
O professor Sérgio, que preside às reuniões, fez-se acompanhar de livros de autores estrangeiros que relatam testemunhos de mortes clínicas,  descrevendo sensações depois do abandono do corpo físico. Alguns dos presentes também se atreveram a contar certos episódios quotidianos mais ou menos “estranhos” à normalidade do  entendimento humano. Convidado, foi também, um senhor praticante da doutrina espírita, conhecedor de fenómenos que, segundo ele, são “normais” e não “paranormais”, como vulgarmente são chamados, por fazerem parte ainda do desconhecimento humano. E no meio de tão animada discussão, o relógio voltou a bater as horas: meia-noite, hora de deixar os espíritos em paz!

Foi o finalizar da última noite de Novembro 2010, uma noite gélida e chuvosa, só aquecida pelo calor humano de um grupo de 18 participantes,  que a despeito do mau tempo, de cadeira debaixo do braço fez a travessia do Centro de Estudos Camilianos, onde antes houvera um “jantar-bufet”, até ao último andar da Casa de Camilo, ocupando quase todo o espaço do escritório onde o escritor passara as suas noites assombradas, certamente ouvindo o vento a uivar e sentindo a pena que lhe corria leve pelo dedos… talvez carregada de pensamentos tenebrosos que o teriam levado ao suicídio.

Mas a nossa noite não acabou tenebrosa, ainda que, a despedida do professor Sérgio, desta temporada camiliana, tenha sido verdadeiro motivo de desolação geral, mas os apelos à sua futura “reencarnação”, neste mesmo espaço, foram veementes, convictos que estamos que a sua presença se fará sentir fisicamente, preenchendo a nossa tertúlia com os seus habituais acessos espirituosos, predispondo o grupo para uma maior aproximação entre si e ao espírito das grandiosas obras camilianas.
O mais sincero agradecimento a ambos!

Lucília Ramos

As fotos dos momentos vividos em 30 de Novembro de 2010:


3 de novembro de 2010

Noites de Insónia - Memórias de um suicida

Noites de Insónia


CASA DE CAMILO:
http://www.camilocastelobranco.org/

Obra "Memórias de um suicida"

Pretende-se que um pequeno grupo de leitores, cruze ideias acerca dos livros
de Camilo e exponha outras sugestões. A Comunidade de Leitores da Casa de Camilo pretende ser um grupo de pessoas que partilharão informação sobre a vida e a obra de Camilo Castelo Branco, podendo assim alargar os seus conhecimentos.
Monitor: Sérgio Sousa (Universidade do Minho)

Local: Casa de Camilo – Museu, em S. Miguel de Seide
Data: 30 de Novembro, pelas 20h00

http://www.camilocastelobranco.org/index2.php?1&it=evento&mop=0&LG=0&SID=4fc23c35e8480151b4ee9e5311f828e0&co=682&tp=6






ÁUDIO ESPÍRITA:


http://audioespirita.blogspot.com/2010/04/audio-livro-memorias-de-um-suicida-de.html
 
LEITURA DO LIVRO (download-gratis):
 
http://www.cantinhodaculturaedolazer.net/2010/02/download-gratis-livro-memorias-de-um.html

Memórias de um suicida - Yvonne A. Pereira




Sinopse
Neste livro, o autor Espiritual – Camilo Castelo Branco, sob a orientação do Espírito Léon Denis – descreve a sua dolorosa experiência no plano espiritual após a desencarnação resultante de suicídio, transmitindo valiosos ensinamentos, especialmente aos que se deixam avassalar pela idéia de pôr termo à existência física. Evidencia a grandeza da misericórdia divina em favor de Espíritos de suicidas arrependidos, proporcionando-lhes a oportunidade do conhecimento do Universo e da Vida na sua integral dimensão, por meio de cursos proporcionados pela Espiritualidade Superior em que são estudados a Gênese planetária, a evolução do Ser, a imortalidade da alma, a Moral Cristã, dentre outros temas relevantes para a compreensão de que “– Nenhuma tentativa para o reerguimento moral será eficiente se continuarmos presos à ignorância de nós mesmos.” Recomenda-se não interromper a leitura após o impacto inicial provocado pela descrição das dramáticas cenas expostas, pois o livro também demonstra que há sempre um caminho de retorno, de reconstrução, para os faltosos arrependidos. Há sempre a Esperança, porquanto a reabilitação é sempre possível.


Médium:Yvonne A. Pereira

Espírito:Camilo Cândido Botelhobr /> Páginas: 688

Tamanho: 14x21 (cm)




COMO FOI PSICOGRAFADO O LIVRO MEMÓRIAS DE UM SUICIDA


Material extraído do livro Pelos Caminhos da Mediunidade Serena.

Em agosto de 1975, o extinto periódico carioca Obreiro do Bem, publicou mais uma entrevista de Yvone Pereira. Uma entrevista histórica, em que a pupila de Charles fala sobre os primeiros contatos com o espírito Camilo Castelo Branco.
Obreiros do Bem – Todos os espíritas reconhecem memórias de um suicida como uma autêntica obra prima, desses livros que aparecem a cada cem anos. Como se travou seu conhecimento com Camilo Castelo Branco e quais as circunstâncias que cercaram a captação do livro?

Yvone Pereira

- Creio que meu conhecimento com Camilo seja até de vidas passadas, porque, segundo as referencias que tenho a respeito de meu pretérito, eu residi, ou pelo menos desencarnei, em Lisboa, Portugal, e a primeira vez que o vi, nesta presente existência, contava doze anos, somente, não sabia que fosse ele Camilo Castelo Branco. Vi aquele espírito muito triste, torturado, mas, repito, não sabia que era Camilo. No ano de 1956, depois de ter sido dado a público, Memórias de um Suicida, em novembro de 1955, fui pela primeira vez, a Pedro Leopoldo. Nunca havia conversado com o Chico, do mesmo modo, portanto, que nunca havíamos trocado ideias sobre esse assunto. Estávamos, então, na residência de Chico, onde, na sala, conversávamos com D. Esmeralda Bittencourt, de quem ele era muito amigo, e a qual havia perdido dois filhos, em circunstâncias trágicas. Chico Consolava-a muito. Foi quanto recebeu para d. Esmeralda uma comunicação do filho que havia falecido depois do que escreveu alguma coisa que passou às minhas mãos, dizendo tratar-se de um soneto de Antero de Quental, a mim endereçado. “Diz ele”, continuou o Chico, que, quando se deu o seu suicídio em Lisboa, ele era mocinho e recorda-se muito dos comentários da sociedade, a esse respeito. Aceitei plenamente a comunicação, porque Chico não sabia de nada do que se havia passado comigo,nem mesmo na existência presente. Procurei, então, saber a época em que viveu Antero de Quental: e vim a constatar que foi justamente o tempo de Camilo Castelo Branco.

Quanto às circunstancias de captação do livro, não creio haja acontecido de algo especial, propriamente. Apenas um belo dia, em 1926, depois do receituário que desenvolvia no centro espírita de Lavras, senti o braço escrever, vi Camilo, e começaram desde então a surgir os episódios de memórias de um suicida. Acontece que o escritor dava apenas as narrativas, sem nenhum comentário doutrinário. Como fosse muito nova e conhecesse pouco à doutrina,eu passei a achar que talvez se tratasse de mistificação; mas, como gostasse, no fundo, do que por assim dizer surgia no papel, continuei a escrever, diariamente, na instituição já citada, após o receituário abundantíssimo. Só vinte e cinco anos, após, quando eu morava no Rio de Janeiro, tendo os espíritos me orientado no sentido de rever o livro bem como termina-lo, porque ele não estava completo, foi que se apresentou Léon Denis e auxiliou Camilo a elaborar o conteúdo doutrinário existente da obra.

Notas:

1- Divaldo P. Franco, em entrevista a mim concedida para a composição do livro Yvone Pereira: uma heroína silenciosa, afirmou que Francisco Candido Xavier, lhe havia contado impressões do espírito André Luiz sobre Memórias de um suicida. Andre Luiz, dizia a Chico, considerava-o o livro dos últimos cinquenta anos e dos próximos cinquenta, ou seja, uma obra que viera marcar um século.
2-Antero T. Quental era originário de Açores, tendo nascido em Ponta Delgada a 18 de abril de 1842, vindo a cometer suicídio 11 de setembro de 1891, também em Açores. Poeta e escritor, invulgar e foi licenciado em direito, tendo deixado textos políticos, poemas líricos-filosoficos, prosas sócio-históricas e outros. A considerar o que o texto afirma o suicídio de Yvone, em Lisboa, teria acontecido entre os anos de 1854 a 1867, considerando uma margem de erro razoável, em relação à mocidade aludida por Antero.
Fonte: Pelos caminhos da Mediunidade Serena/ Yvone do Amaral Pereira – 1ª Ed., 1ª reimp. – São Paulo, SP: Lachâtre, 2007, pag.35-36. Imagem: Google.
Postado por Luciano Dudu em 28/10/2010


HISTÓRIA & ESPIRITISMO:
http://lucianodudu1974.blogspot.com/2010/10/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

24 de outubro de 2010

Álvaro Siza Vieira traz «Tempos Modernos» à Casa de Camilo

Álvaro Siza Vieira traz «Tempos Modernos» à Casa de Camilo, no âmbito da iniciativa «Um Livro, Um Filme»

Dia 29 de Outubro, às 21h30

NO BLOG:

Álvaro Siza Vieira traz «Tempos Modernos» à Casa de Camilo, no âmbito da iniciativa «Um Livro, Um Filme» (Dia 29 de Outubro, às 21h30)
Outubro 23, 2010 por casadecamilo

Álvaro Siza Vieira, o mais conceituado e premiado arquitecto contemporâneo português, é o próximo convidado da sessão de «Um Livro, Um Filme», actividade promovida, na última 6.ª Feira de cada mês, pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, através da Casa de Camilo, no auditório do Museu em S. Miguel de Seide.
No próximo dia 29 de Outubro, pelas 21h30, Álvaro Siza Vieira comentará o filme por si escohido: «Tempos Modernos», de Charlie Chaplin.

Sinopse do filme:
Um trabalhador de uma fábrica tem um colapso nervoso por trabalhar de forma quase escrava. É levado para um hospital, e quando retorna para a “vida normal”, para o barulho da cidade, encontra a fábrica já fechada. Vai em busca de outro destino, mas acaba por se envolver numa confusão: ao ver uma jovem roubar um pão para comer, decide entregar-se em seu lugar…

http://casadecamilo.wordpress.com/2010/10/23/alvaro-siza-vieira-traz-%c2%abtempos-modernos%c2%bb-a-casa-de-camilo-no-ambito-da-iniciativa-%c2%abum-livro-um-filme%c2%bb-dia-29-de-outubro-as-21h30/

18 de outubro de 2010

Antestreia de "Mistérios de Lisboa" e RTP - CÂMARA CLARA


Foto da autora deste blogue.



"Mistérios de Lisboa" - o filme do chileno Raúl Ruiz, baseado na obra homónima de Camilo Castelo Branco, teve a sua antestreia nacional no auditório do Centro de Estudos Camilianos, em Seide, na noite de 15 de Outubro, com a apresentação de dois actores.



Todas as semanas, no CÂMARA CLARA, Paula Moura Pinheiro convida gente que gosta de artes e ideias para conversar sobre os livros, os espectáculos, os filmes, as exposições e as conferências da actualidade, sem esquecer os Clássicos que, por serem Clássicos, nunca envelhecem.




O filme "Mistérios de Lisboa" e Camilo Castelo Branco, foram o assunto discutido neste Domingo à noite.


CONVIDADOS: JOSÉ VIALE MOUTINHO E MARIA JOÃO BASTOS


Mistérios de Lisboa, o último filme do chileno Raúl Ruiz, a partir da obra de Camilo Castelo Branco, estreia no dia 20 nas salas cinema de França e no dia 21 nas de Portugal.

Dos diversos festivais para que foi seleccionado – do de Toronto ao de Nova Iorque, passando pelo de San Sebastián – arrebatou crítica e público e trouxe já o prémio de Melhor Realizador.

Com produção de Paulo Branco e um elenco surpreendente, Mistérios de Lisboa é a oportunidade perfeita para falar da vida e da obra de Camilo Castelo Branco e da vida e da obra de Raúl Ruiz.

Maria João Bastos, a protagonista de Mistérios…, e José Viale Moutinho, autor sobre a vida e a obra de Camilo são o par do próximo Câmara Clara, que acontece em puro ambiente fim de século XIX…


O vídeo do programa, aqui ONLINE: RTP - CÂMARA CLARA

6 de outubro de 2010

O que Fazem Mulheres - Camilo Castelo Branco

"O que Fazem Mulheres" - hoje, às 21:30h, na reunião de leitores das Noites de Insónia, na Casa de Camilo.


ROMANCE PHILOSOPHICO

QUARTA EDIÇÃO

1907
PARCERIA ANTONIO MARIA PEREIRA Livraria editora e Officinas Typographica e de
Encadernação Movidas a electricidade Rua Augusta--44 a 54 LISBOA
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A TODOS OS QUE LEREM

É uma historia que faz arripiar os cabellos.
Ha aqui bacamartes e pistolas, lagrimas e sangue, gemidos e berros, anjos e demonios.
É um arsenal, uma sarrabulhada, e um dia de juizo!
Isto sim que é romance!
Não é romance; é um soalheiro, mas tragico, mas horrivel, soalheiro em que o sol esconde a cara.

Como da seva mesa de Thyestes
Quando os filhos por mão de Atreu comia.


Escreve-se esta chronica em quanto as imagens dos algozes e victimas me cruzam por diante da phantasia,

como bando de aves agoureiras, que espirram de pardieiro esboroado, se as acossa o archote de um

phantasma.

Tenebroso e medonho! É uma dança macabra! um tripudio infernal! cousa só semelhante a uma novella

pavorosa das que aterram um editor, e se perpetuam nas estantes, como espectros immoveis.

Ha ahi almas de pedra, corações de zinco, olhos de vidro, peitos de asphalto?

Que venham para cá.

Aqui ha cebola para todos os olhos;

Broca para todas as almas;

Cadinhos de fundição metallurgica para todos os peitos.

Não se resiste a isto. Ha-de chorar toda a gente, ou eu vou contar aos peixes, como o padre Vieira, este

miserando conto.

Os dias actuaes são melancolicos; a humanidade quer rir-se; muita gente, séria e sisuda, se compra um

romance, é para dar treguas ás despoetisadas e pêcas realidades da vida.

Sei-o de mais. Eu tambem compro os livros dos meus amigos, para espairecer de meditações serumbaticas em que me anda trabalhado o espirito.

Sei quantos devo, e que favores impagaveis me deveria, leitor bilioso, se eu lhe encurtasse as horas com

paginas galhofeiras, picarescas, salitrosas, travando bem á malagueta, nos beiços de toda a gente, afóra os

seus.

Tenha paciencia: ha de chorar ainda que lhe custe.

Se respeita a sua sensibilidade, fique por aqui; não leia o resto, que está ahi adiante uma, ou duas são ellas, as scenas das que se não levam ao cabo, sem destillar em lagrimas todos os liquidos da economia animal.

Este romance foi escripto n'um subterraneo, ao bruxolear sinistro de uma lampada.

Alfredo de Vigny não diz que escreveu um drama, ás escuras, em vinte dias? E Frederico Soulié não se

rodeava de esqueletos e esquifes?

E outros não se espertaram com todos os estimulos imaginaveis de terror? Menos o do subterraneo... este é

meu, se me dão licença.

Pois foi lá que eu desentranhei do seio estes lobregos lamentos.

No fim de cada capitulo, vinha ao ar puro sorver alguns átomos de oxigenio, e todos me perguntavam se eu

tinha pacto com o diabo.

Almas plebeias! não sabem o que é a fidalguia do talento, que tem alcaçar nos astros, e nos antros lobregos da terra; não entendem este fadario do «genio», que elles chamam «excentricidade», como se não houvesse um nome portuguez que dar a isto.

O leitor sabe o que isto é? Já sentiu na alma o apertar de um caustico? Excruciaram-no, alguma vez, os

flagellos da inspiração corrosiva, como duas onças de sublimado?

Se não sabe o que isto é, estude pharmacia, abra um expositor de chimica mineral, e verá.

Não cuidem que podem ler um romance, logo que soletram. Precisam-se mais conhecimentos para o ler que

para o escrever. Ao auctor basta-lhe a inspiração, que é uma cousa que dispensa tudo, até o siso e a

grammatica. O leitor, esse precisa mais alguma cousa: intelligencia;--e, se não bastar esta, valha-se da

resignação.

Ora, está dito tudo.

Leiam isto, que é verdadeiro como o «Agiologio» de Ribadaneira, como as «Peregrinações» de Fernão

Mendes, como todos os livros legados de geração a geração com o sinete da crença universal.
 
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A ALGUNS DOS QUE LEREM

Não será uma acção meritoria amoldurar em fórmas verosimeis a virtude, que os pessimistas acoimam de

impraticavel n'este mundo? Hão de só crer nas façanhas do crime, nas hyperboles da maldade humana, e negar

as perfeições do espirito, descrêr o que ultrapassa as balisas de uma certa virtude convencional, que não custa

dores a quem a usa?

Se os espanta as excellencias da mulher que vou debuxar, antes de m'as impugnarem, afiram-se pela natureza,

interroguem-se, concentrem-se no arcano immaculado da sua consciencia. Se me rejeitam a verdade de

Ludovina, se me dizem que a este inferno do mundo não podia baixar tal anjo, sabem o que é esse descrer? é

apoucamento de alma para idear o bello; é o regelo do coração que rebate as imagens ainda aquecidas do

halito puro da divindade.

Se a mulher assim fosse impossivel, o romancista que a inventou, seria mais que Deus.
 
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CAPITULO AVULSO

PARA SER COLLOCADO ONDE O LEITOR QUIZER

Francisco Nunes...

Que nome tão peco e charro! Francisco Nunes!

Pois se o homem chamava-se assim!?

Deus sabe que tristezas eram as d'elle por causa deste Nunes. O rapaz tinha talento de mais para escrever

folhetins lyricos, e outras cousas. Pois nunca escreveu por que não queria assignar-se Nunes.

Ha appellidos que parecem os epitaphios dos talentos.

Um escriptor Nunes morre ao nascer.

Bem o sabia elle.

Houve em Portugal um escriptor chamado Antonio José. Se a inquisição o não queima, ninguem se lembrava

hoje d'elle.
 
(...)
 
Ler mais em:
 
 
 

5 de outubro de 2010

“O Dia do Desespero” de Manoel de Oliveira

Manoel de Oliveira apresenta o seu filme: "O Dia do Desespero"

24 de Setembro de 2010, no Auditório do Centro de Estudos Camilianos, em Seide.

Foto da autora deste blogue.




“Eu estou aqui a falar, mas não sabem quem eu sou. Eu sou o Manoel de Oliveira”: a apresentação estava feita perante uma plateia lotada que escolheu passar a sexta-feira à noite na companhia do cineasta. O pretexto era o regresso de Manoel de Oliveira à Casa de Camilo, em Vila Nova de Famalicão, quase vinte anos depois da estreia do filme “O Dia do Desespero”, que relata a história verídica dos últimos anos de vida do romancista Camilo Castelo Branco. O Centro de Estudos Camilianos emprestou o seu auditório para rever “O Dia do Desespero”, com a promessa de ouvir o mestre recordar e rever os pormenores das filmagens – e os famalicenses não faltaram à chamada.

Em passo apressado, o realizador que em Dezembro cumprirá 102 anos, entrou numa sala cheia. À porta, quem não conseguiu entrar espreitava, tentava vislumbrar a silhueta do mestre. E este fez ecoar os mais sinceros agradecimentos e apresentou-se, poupando palavras ao seu interlocutor, que tinha acabado de perguntar: “Como apresentar quem não precisa de apresentações?”

Manoel de Oliveira descobriu o fascínio por Camilo Castelo Branco, revelado tanto em “O Dia do Desespero”, como nas suas obras “Amor de Perdição” e “Francisca”, porque, tendo sido “um escritor excepcional” é impossível não o descobrir. “Quem é que não o descobriu? O fascínio é evidente”, atirou num tom bem-humorado que manteve, tanto na conversa prévia à exibição do filme, como na demorada sessão de perguntas posterior, levando a plateia inúmeras vezes às gargalhadas.

Sobre os pormenores da rodagem de “O Dia do Desespero”, filmado em 1991 e projectado no Centro de Estudos Camilianos de Vila Nova de Famalicão, o realizador reconheceu não se lembrar de histórias particulares, nem daquela em que terá pedido folhas, importadas da Bélgica, para uma acácia despida. O tom bem-disposto foi pontuado por momentos sérios, especialmente quando o tema era Camilo Castelo Branco. “A vida dele foi funesta”, assegurou o realizador, que vê na figura do escritor o peso de uma “perseguição” de que foi alvo desde criança.

O homem que já foi “muita coisa”, mas agora é só realizador, intercalou o tema camiliano com outro: a morte. “A morte igualiza toda a gente. Ricos e pobres”, afirmou, debruçando-se depois perante a relação que se estabelece entre o seu oposto, a vida, e o cinema.

Para Manoel de Oliveira, “a própria vida não tem nada de original”. “Foi o viver que me ajudou a fazer cinema e não o contrário. O cinema copia o que o Criador cria, portanto não me podem chamar criado”, resumiu.
Apesar de não ser presença habitual nas salas de cinema, o cineasta que começou quando o cinema ainda era mudo – “Fiz cinema mudo, porque não havia som”, disse –, não se escusou a comentar a nova revolução tecnológica pela qual a sétima arte está a atravessar. “Acho que as três dimensões são de mais, porque exageram a própria vida. Por mais voltas que dêem à técnica, nunca a técnica substitui os seres humanos”, defendeu o realizador mais velho do mundo ainda em actividade.



Fonte: AGÊNCIA LUSA, 25-09-2010

Foto da autora deste blogue.




12 de julho de 2010

Amor de Salvação


Camilo Castelo Branco

A José Gomes Monteiro



Meu amigo.



Peço licença para inscrever o seu nome na primeira página deste livro. Esta fica sendo para mim a mais prestante obra. As outras são futilidades; porque lágrimas e alegrias de romance é tudo fútil.



No Minho, em 1864.



OBSERVAÇÃO



O leitor folheia duzentas páginas deste livro, e o amor de felicidade e bom exemplo não se lhe depara, ou vagamente lhe preluz. Três partes do romance narram desventuras do amor de desgraça e mau exemplo. A crítica, superintendente em matéria de títulos de obras, querendo abater-se a esquadrinhar a legitimidade do titulo desta, pode embicar, e ponderar - que o amor puro, o amor de salvação, vem tarde para desvanecer as impressões do amor impuro, do amor infesto.



Respondo humildemente:



Amor de salvação, em muitos casos obscuros, é o amor que excrucia e desonra. Então é que o senso intimo mostra ao coração a sua ignomínia e miséria. A consciência regenera-se, e o coração, reabilitado. avigora-se para o amor impoluto e honroso. Assim é que as enseadas serenas estão para além das vagas montuosas, que lá cospem o náufrago aferrado à sua tábua. Sem o impulso da tormenta, o náufrago pereceria no mar alto. Foi a tempestade que o salvou.



Além de que a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas: é idílio de curto fôlego; no sentir intraduzível da consciência é que ela encerra epopéias infinitas - enquanto que a desgraça não demarca balizas à experiência nem à imaginação.



Para o amor maldito, duzentas páginas; para o amor de salvação. as poucas restantes do livro. Volume que descrevesse um amor de bem-aventuranças terrenas seria uma fábula.



O AUTOR



Estava claro o céu, tépido o ar, e as bouças e montes floridos, O mês era de Dezembro, de 1863, em véspera de Natal.



A gente das cidades pergunta-me em que pais do mundo florescem, em Dezembro, bouças e montados.



Respondo que é em Portugal, no perpétuo jardim do mundo, no Minho, onde os inventores de deuses teriam ideado as suas teogonias, se não existisse a Grécia. No Minho, ao menos, se buscariam águas límpidas para Castálias e Hipocrenes. No Minho, a Citera para a mãe dos amores. Nos arvoredos desta região de sonhos, de poemas, e rumores de conversarem espíritos, é que os sátiros, as dríades e os silva-nos sairiam a cardumes dos troncos e regatos: que tudo aqui parece estar dizendo que a natureza tem segredos defesos ao vulgo, e como a entreabrirem-se à fantasia de poetas.



Mas que flores... quer o leitor saber que flores vestem os calvos e denegridos serros do Minho, em Portugal. São flores a festões, cachos de corolas amarelas viçosas, e aveludadas como as dos arbustos cultivados em jardins: é a florescência dos tojais, plantas repulsivas por seus espinhos, alegres de sua perpétua verdura, únicas a enfeitarem a terra quando a restante natureza vegetal amarelece, definha e morre. E desse privilégio como que o agreste arbusto se está gozando soberbamente; pois que vos mostra as suas pinhas de flores, e com os inflexíveis espinhos vos defende o despojá-lo delas.



E naquele dia 24 de Dezembro de 1863 andava eu no Minho, por aquela corda de chãs e outeiros, que abrangem quatro léguas entre Santo Tirso, Famalicão e Guimarães.



Eu, homem sem família, sem mão amiga neste mundo, há trinta anos sozinho, sem reminiscências de carícias maternais, benquisto apenas de uns cães, que pareciam amar-me com a cláusula de eu os sustentar e agasalhar; eu, que, naquele tão festivo dia da nossa terra, não tinha colmado onde me esperasse um amigo pobre para me dar entre os seus um lugar no escabelo, nem parente abastado, que de mim se lembrasse à hora dos brindes com generosos vinhos em lúcidos cristais, eu vendo-me com lágrimas em minha sombra, assim me fora a contemplar a felicidade alheia pelas chãs e outeiros do devoto Minho.



Eu caminhava a pé, guiando-me ao sabor da imaginativa ideia, que se deleitava em vestir de folhagem a árvore nua, e tristemente inclinada sobre o colmado do casalejo. Parava em frente de cada choupana, e meditava, e escutava o rumor das vozes que lá dentro, ou no ressaio da horta, se misturavam em dizeres alegres ou cantilenas alusivas ao nascimento do Deus-Menino. Diante dos portões gradeados do proprietário rico é que eu não parava nem meditava. Se lá dentro de suas salas iam alegrias, como em casa dá jornaleiro, não sei: o certo era que as paredes da habitação opulenta dão deixavam sair uma nota para o hino geral de graças e júbilo com que a pobreza saudava o Emancipador dos deserdados, o Senhor dos mundos, nascido e agasalhado nas palhinhas de um presépio.



O Sol, desnublado de vapores, como nas tardes serenas de Julho, oscilava nas montanhas do poente e azulejava as grimpas dos pinheirais, de onde eu, a contemplá-lo, me esquecera da distância a que me alongara da casa hospedeira daquela noite.


(...)

Pode ler o livro aqui:



 

18 de junho de 2010

Amor de Perdição em jeito de festa...

No dia 16 de Junho realizámos mais "Uma Noite de Insónias", desta vez no Centro de Estudos Camilianos, para que o espaço fosse mais apropriado ao clima de festa "de santos populares".

Nada melhor que um descontraído encontro para alegrar o cenário de "Amor de Perdição"- o romance debatido nesta sessão.

Foi a última sessão antes das férias, retomaremos em 29 de Setembro com o romance: "O que Fazem Mulheres"

3 de junho de 2010

CAMILO NO PANTEÃO NACIONAL


No mês de Junho de 1910, irão contar-se 120 anos sobre a morte de Camilo Castelo Branco. Não se poderá falar de comemoração porque os suicídios não se comemoram, mas entendo que a data deverá ser assinalada.

O século XIX permitiu fixar as bases da língua portuguesa actual. Essa obra deve-se a escritores de génio como Garrett, Camilo e Eça de Queirós (que Alexandre Herculano me perdoe...) e a grandes poetas como Antero de Quental .

Neles enraíza tudo o que de melhor se escreveu em Portugal, desde então.

Entre esses grandes vultos, nenhum foi tão genuinamente português como Camilo, tão apegado à fala e aos costumes da nossa gente. Garrett e Eça correram mundo e receberam influências daqui e dali. Camilo raramente terá postos os pés fora do solo pátrio. É nas suas páginas que mais claramente se sente o pulsar dos corações portugueses.

O seu corpo foi depositado no Jazigo de Freitas Fortuna, no Cemitério da Irmandade da Lapa, no Porto.

É tempo de os seus restos mortais serem transladados para o Panteão Nacional, onde já repousa Garrett. Proponho iniciar na Internet um movimento de recolha de assinaturas destinado a pressionar a ministra da Cultura nesse sentido.

António Trabulo

Publicada por Antonio Trabulo NO BLOG: decáedelá  





24 de maio de 2010

Mulheres de Camilo

Terminou a excelente exposição "Mulheres de Camilo", no Centro de Estudos Camilianos, em Seide.

E para fechar com chave de ouro, no sábado, dia 15 de Maio, foi apresentado o livro "Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco", no mesmo espaço onde se realizou a exposição.

Os organizadores da pesquisa sobre o tema do livro, professores universitários em Braga, Prof. Dr. Sérgio Guimarães de Sousa e Prof. Dr. José Cândido Oliveira Martins, moderadores das "Noites de Insónia"  - actividade que se realiza uma vez por mês na Casa de Camilo e onde é debatida uma obra camiliana, apresentaram o livro, já antes lançado na Feira do Livro em Braga.



Exposição "Mulheres de Camilo":

Mulheres de Camilo


Está patente na Sala de Exposições da Casa de Camilo – Centro de Estudos, a exposição "Mulheres de Camilo", pela qual se dão a conhecer figuras femininas de relevo na vida e na ficção camilianas: a mãe de Camilo, Joaquina Pereira de França, Patrícia Emília de Barros, Fanny Owen ... e Ana Plácido, a mulher que mais tempo passou junto do romancista e aquela que reuniu o que todas as outras foram para ele, de um modo apenas esporádico ou parcial.



Horário:
[SEG a SEX – 10h00 às 17h30]
[SÁB e DOM – 10H30 às 12H30 – 14H30 às 17H30]

http://www.camilocastelobranco.org/index2.php?1&it=evento&LG=0&SID=013a8bb15aff2d2ddecec1af8522d01d&mop=260&co=536

16 de maio de 2010

Camilo na Casa de Lamas - Vieira do Minho

Reviver Camilo Castelo Branco na Casa de Lamas, em Vieira do Minho

I I Mostra Espólio Casa de Lamas










Todas as fotos são da autora deste blogue.

Casa de Lamas - Vieira do Minho

I I Mostra Espólio Casa de Lamas


Numa primeira mostra do espólio da Casa de Lamas, o Centro Cultural orgulha-se de dar a conhecer ao público memórias e pedaços dum passado eterno através de cartas, fotografias, quadros e mobiliário. O Tempo encarregou-se de fazer a história. Nós abrimos as portas para que a possa conhecer!
Corria o ano de 1779, quando D. Maria I outorgou por Carta Régia o brasão da Casa de Lamas. Alexandre José de Lemos, Professo na Ordem de Christo, Capitão-mor de Vieira, Cônsul de Génova em Caminha, foi fundador daquele que é um dos edifícios mais imponentes da região e o primeiro de muitos nomes poderosos que habitaram a Casa de Lamas.

Álvaro José de Miranda Magalhães e Menezes, Bacharel formado em Direito, Presidente da Câmara de Vieira, Juíz substituto na mesma Comarca, senhor da Casa da Cuqueira e do morgado de Dentro da Villa em Ruivães, e Margarida Emília Rebello Vieira de Lemos, legítima herdeira da fortuna de Lamas e bisneta do fundador, casam por volta de 1923, fazendo com que, no séc XIX, os laços genealógicos de Lamas fossem já tão vastos, que dominavam todas as terras de Vieira
Álvaro de Lemos Magalhães, terceiro neto do fundador e senhor da Casa de Dentro de Ruivães, da Casa da Cuqueira no Mosteiro e da Casa do Outeiro em Rossas, nasce a 1896. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi conservador em Conservatórias do Registo Predial da região e o último senhor legítimo da Casa de Lamas. Casa com Maria Emília Faria de Freitas, com quem teve seis filhos: Álvaro, José, António, Maria, Alexandre e Adelino Ângelo. Estes foram os últimos habitantes do Solar de brasão.

“Há naquelle pateo de entrada uma manifestação de riqueza solida e fidalga, que não tem o afan de se mostrar, de fazer reclamo, como sucede nas habitações modernas. Vê-se alli ainda claramente manifestado o trabalho de algumas gerações desejosas de perpetuar um nome engrandecendo-o e, com essa nota altruista do amor de familia, da intimidade pelos que estimamos, tambem se evidencia o amor da terra, que os possuidores da casa mostravam que queriam respeitada e solidamente poderosa."

VIEIRA, José C. A. (introd. Luís Jácome); Vieira do Minho - Notícia Histórica e Descritiva , Edição fac-simile da edição de 1925; Braga; “O Jornal de Vieira”; 2000 - ´Notícia da Revista “O Ocidente” nº de 20 de Fevereiro de 1902, referente à Casa de Lamas.



Centro Cultural Casa de Lamas
Largo Prof. Brás da Mota
4850-525 Vieira do Minho

Horário:
Segunda, Quinta e Sexta das 9h às 13h e das 14h às 17h

Sábados e Domingos das 10h30 às 12h30 e das 14h às 17h

Encerrado às Terças e Quarta

4 de maio de 2010

Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco



Sérgio Guimarães de Sousa e José Cândido de Oliveira Martins organizaram o livro de ensaios intitulado Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco, Opera Omnia, 2010 (269 págs.).


...

Trata-se de um conjunto de estudos críticos, da autoria de investigadores de várias universidades (de Portugal, Espanha e Brasil). Procurando ler Camilo a partir de renovadoras orientações temáticas e críticas, estes ensaios centram-se na importante questão do desejo, que atravessa o universo ficcional camiliano.
Da introdução do livro: “A ficção camiliana, muito assente no conflito entre a paixão e a razão, tem como ponto nevrálgico, por assim dizer, o desejo. As novelas de Camilo oferecem, deste modo, um amplo campo de estudo extremamente fértil para abordar esta questão nas suas múltiplas perspectivas e implicações. Não deixa, por isso, de ser um tanto curioso constatar que a bibliografia passiva de Camilo, mesmo a mais recente, carece de estudos especificamente focados sobre o desejo. Ao reunir, nesta colectânea, textos de um conjunto de investigadores, que aceitaram prontamente o desafio de reler Camilo na óptica do desejo, quisemos colmatar esta lacuna.”

Para maior informação sobre o conteúdo, particulariza-se o índice desta obra:

– Introdução (Sérgio Guimarães de Sousa e José Cândido de Oliveira Martins)

– Lembrando José Carlos Barcellos (Sérgio Nazar David)

– Desejo, concupiscência e estabilidade social: os Vulcões de lama humanos e os ilusórios remédios divinos (Elias J. Torres Feijó)

– Retórica contida do desejo em Doze Casamentos Felizes de Camilo Castelo Branco (José Cândido de Oliveira Martins)

– Masculinidade e modernidade em Camilo Castelo Branco (José Carlos Barcellos)

– Camilo: limites do desejo no mundo do capital (Paulo Motta Oliveira)

– “Amar até doer” – O desejo do amor e a perdição dos desejos (Rosário Luppi Belo)

– Coisas da terra e do céu – Amor, desejo e humor na ficção camiliana (Serafina Martins)

– Desejo mimético n’O santo da montanha (Sérgio Guimarães de Sousa)

– O século de Silvestre da Silva (Sérgio Nazar David).


Publicado



18 de abril de 2010

Lisboa



«Meu querido amigo

[...] Lisboa! Porque me está V. Ex.ª gabando Lisboa! A água é má; os laranjais do Tejo não sobrepujam em perfumarias os escoadouros marginais; a imprensa são pântanos; os escaravelhos literários querem à força que lhes cheiremos a maçã. Como hei-de almejar ver-me aí entre cafres que desembestam (ficando eles sempre bestas) as suas azagalas até ao santuário em que V. Ex.ª trabalha para nos ensinar e honrar! Fora burros! Deixe-me V. Ex.ª cuidar que no Porto há mais ladrões e menos bestas. Nos primeiros há de bom sequer o silêncio da ignorância conscienciosa.

(Carta de Camilo a António Feliciano de Castilho)

Fevereiro 18, 2010 por casadecamilo
http://casadecamilo.wordpress.com/page/3/
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Casa de Camilo - Noites de Insónia

«As “Noites de Insónia” têm como finalidade a descoberta de formas diferentes de aproximação aos textos camilianos, através da discussão em grupo de determinadas obras, escolhidas previamente. Do gosto pela leitura e da conversa sobre o que se lê, da troca de opiniões, de pontos de vista, de associações, procuraremos criar cumplicidades e desenvolver o gosto por uma leitura mais activa e partilhada da obra do romancista de Seide.» http://camilocastelobranco.org/index2.php?co=569&tp=6&cop=260&LG=0&mop=604&it=evento_lst Coordenadores: 2009 - Professor Cândido Oliveira Martins - Universidade Católica de Braga 2010 - Professor Sérgio Guimarães de Sousa - Universidade do Minho 2011 - Prof. João Paulo Braga

Encontros 2012 - Professor Sérgio

15 Fevereiro - "Memórias do Cárcere" - Discurso Preliminar
7 Março - "Memórias do Cárcere" - Do I capítulo ao V

Encontros 2011 - Professor Paulo

2011 "A Viúva do Enforcado" - 16 de Novembro - 21:30 "A Filha do Arcediago" - 19 de Outubro - 21:30 "As Aventuras de Basílio Enxertado" - 21 de Setembro - 21:30 "Maria Moisés" - 9 de Julho - 21:30 "O Cego de Landim" - 15 de Junho - 21:30 "O Retrato de Ricardina" - 4 de Maio - 21:30 "A Corja" - 6 de Abril - 21:30 "Eusébio Macário" - 9 de Março - 21:30 "A Sereia" - 9 de Fevereiro - 21:30

Encontros 2010 - Professor Sérgio

"Memórias de um suicida" - 30 de Novembro - 20h "O que fazem Mulheres" - 6 de Outubro - 21:30h "O Amor de Perdição" - 16 Junho - 20h "O Senhor do Paço de Ninães" - 21 Abril - 21h30 "Anátema" - 24 Março - 21h30 "A Bruxa de Monte Córdova" - 24 Fevereiro - 21h30 "A Queda dum Anjo" - 20 Janeiro - 21h30

Encontros 2009 - Professor Cândido

"Estrelas Propícias" - 11 Novembro - 20h "A Brasileira de Prazins" - 21 Outubro - 21h00 "Novelas do Minho" - 16 Setembro - 21h30 "Coração, Cabeça e Estômago" - 17 Junho - 21h30 "Vinte horas de Liteira" - 22 Maio - 21h30 "Memórias do Cárcere" - 30 Abril - 21h30