Mais umas ironias do romancista da lua... ou romancista descabelado, como lhe chama António Joaquim, nesta história.
(Pág. 26)
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(...)
- Fala sério, homem! - atalhou António Joaquim - Tu tens a tua independência feita e estás no caminho de...
- Morrer...
- Com cem contos, e uma estátua na tua terra, à custa da nação agradecida.
- Estátua do espanto me fazes tu, amigo António! Se não fosses engraçado, serias tolo! Pois tu cuidas que eu vivo dos romances?
- Cuidei...
- Nada, não... Eu vivo da glória. Descobri em mim um segundo aparelho digestivo, que elabora, em substância nutritiva, a glória.
- Isso parece-me útil - obtemperou o meu amigo; - porém, seria justo que tivesses teu um décimo do dinheiro que tens dado a tanta gente...
- A quem?!
- Aos personagens das tuas novelas.
(...)
- Morrer...
- Com cem contos, e uma estátua na tua terra, à custa da nação agradecida.
- Estátua do espanto me fazes tu, amigo António! Se não fosses engraçado, serias tolo! Pois tu cuidas que eu vivo dos romances?
- Cuidei...
- Nada, não... Eu vivo da glória. Descobri em mim um segundo aparelho digestivo, que elabora, em substância nutritiva, a glória.
- Isso parece-me útil - obtemperou o meu amigo; - porém, seria justo que tivesses teu um décimo do dinheiro que tens dado a tanta gente...
- A quem?!
- Aos personagens das tuas novelas.
(...)
In "Vinte Horas de Liteira" - C.C.B.
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