"Quando eu inventar,
arrepiarei os cabelos
às minhas imagens".
Camilo, Impressão Indelével
Inclui três histórias - "Impressão Indelével", "O Esqueleto" e "A Caveira".
«Ocorre-me apenas perguntar se estes contos, e este romance em forma de conto, não terão sido o amor de perdição do escritor que pensava que sabia porque mistério as lembranças mais vizinhas do berço andam juntas aos temores do túmulo.» (do Prefácio).
«Ocorre-me apenas perguntar se estes contos, e este romance em forma de conto, não terão sido o amor de perdição do escritor que pensava que sabia porque mistério as lembranças mais vizinhas do berço andam juntas aos temores do túmulo.» (do Prefácio).
Três histórias de Camilo em que as paixões vão muito para além da morte, muito para além da tumba.
Três histórias de paixões tão exacerbadas que levam o amador a negar a morte, preservando o cadáver da amada arrancando-o mesmo do túmulo.
“Impressão Indelével” é um livro de Camilo que tem muito de inédito.
É a primeira vez que esta narrativa se publica na forma de um livro autónomo.
E é a primeira vez que se juntam três histórias com uma tão visível marca necrófila: “Impressão Indelével”, “A Caveira” e “O Esqueleto”.
O livro tem um prefácio intenso de João Bénard da Costa e uma cronologia de Camilo Castelo Branco.
Necrófilo
A hipótese da necrofilia de Camilo é defendida por uns e contestada por outros. A suspeita parte da narrativa publicada pelo autor, em 1857, na Aurora do Lima, intitulada Impressão Indelével. Está narrada na primeira pessoa e conta a história da exumação do cadáver de uma antiga namorada de Camilo, Maria do Adro.
Muitos dizem que a história é um relato da realidade e não uma ficção.
Para ajudar à suspeita da necrofilia do autor, há o testemunho do único Prémio Nobel português, o Prof. Egas Moniz, que refere no seu livro Vida Sexual : «O que apenas desejei patentear é que, pelo exame das provas que as biografias publicadas nos fornecem, não podemos deixar a suspeita de que Camilo fosse um necrófilo.» (1).
Mais tarde, o Prémio Nobel português rectifica a suspeita , concluindo que: «...Camilo não só nunca foi um anormal genésico, mas não mostra, por este relato, o mais leve pendor para o campo das perversões sexuais.»(2)
Contra a tese da necrofilia, está, entre outros, Alexandre Cabral ao dizer que o facto de Camilo ser o sujeito de enunciação da narrativa, não o torna o sujeito da acção.
(1) in Dicionário de Camilo Castelo Branco, de Alexandre Cabral, pg.441, Editorial Caminho, Lisboa, 1988, s/ed.
(2) Op.Cit., pg.442.
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