«Em 1841, com apenas dezesseis anos, casa-se com Joaquina Pereira. Ao completar dezoito anos, matricula-se na Faculdade de Medicina na cidade do Porto, mas não dá continuidade ao curso. Em 1844, envereda-se por uma vida boêmia na noite portuária, entre os cabarés e os prostíbulos.
No ano de 1846, Camilo inicia um romance com Patrícia Emília e foge com a amante para a cidade do Porto. Nesta época, publica um artigo de cunho político no qual criticava avidamente o governador civil José Cabral Teixeira de Moraes. Suas críticas lhe renderam um espancamento pelo capanga do governador.
A relação com Patrícia Emília iniciara sem que Camilo houvesse se separado de Joaquina Pereira. Deste modo, é acusado e preso por bigamia. Após obter a liberdade, em 1848, abandona Patrícia e também não retorna aos braços de Joaquina. Volta a viver com a irmã, já residente em Covas do Ouro, e dedica-se ao jornalismo, envolvendo-se em amores passageiros. Nesta mesma época, conhece Ana Plácido, escritora e noiva de um comerciante brasileiro chamado Manuel Pinheiro Alves (que seria retratado de modo depreciativo e indireto nas novelas de Camilo Castelo Branco).
Camilo e Ana Plácido iniciam um relacionamento paralelo. Quando Ana casa-se com Manuel Pinheiro, o escritor abala-se profundamente e busca refúgio na religião. Passa a freqüentar o seminário por aproximadamente dois anos, entre 1850 e 1852. Entretanto, acaba por envolver-se amorosamente com uma freira chamada Isabel Cândida. Extremamente desiludido, Camilo tenta suicídio ao abandonar o seminário.
O relacionamento adúltero com Ana, é retomado anos mais tarde e ambos fogem para viver juntos. No entanto, são encontrados e capturados em 1861. A relação causou um forte impacto sobre a opinião pública portuguesa. Era o modelo das narrativas românticas nas quais todas as convenções sociais são ignoradas em nome de uma causa; neste caso, o sentimento que os unia. Camilo é condenado e torna-se prisioneiro na "Cadeia da Relação do Porto", onde conheceu o famoso criminoso português Zé do Telhado. Neste mesmo período, escreve uma de suas obras mais famosas: Memórias do Cárcere. Após conquistar a liberdade, a esta altura já com trinta e oito anos, o escritor e sua amante retomam o romance e passam a viver juntos em São Miguel de Seide.
Ana Plácido dá à luz a um filho que, teoricamente, era de seu antigo marido. Neste momento, a família já conta com dois filhos de relacionamentos anteriores de Camilo somando-se ao recém-nascido de sua atual esposa. Em 1863, Manuel Pinheiro Alves falece e o casal passa a viver com mais conforto na propriedade do comerciante falecido, em São Miguel de Seide. Mas a fraca saúde dos filhos do casal, obriga Camilo a escrever sob encomenda para sustentar as finanças. Suas novelas são narrações curtas que abordam temas cotidianos e vão de encontro à predileção literária do leitor emergente e consumidor lusitano. Neste momento, Camilo passa a ser o primeiro escritor português a viver exclusivamente da própria literatura.»
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