EPÍLOGO
Lá vão catorze anos.
Não me consta que tenha morrido algum dos personagens que há instantes vimos tão alegres nas margens do Lima.
Conhecem romance em que tenha morrido tão pouca gente? Eu não! Se aquele santo do Rio de Janeiro não vergasse debaixo dos oitenta anos, ainda agora podia estar no seio da patriarcal família de Barcelos, onde ele tencionava acabar seus dias.
As irmãs de António de Azevedo estão todas casadas, e senhoras de boas casas de lavoura e numerosa descendência.
Está ainda solteira Elisa, a irmã mais nova de Corina. Tem hoje trinta e um anos. É ainda formosa. Se o leitor é solteiro e rico... (não será mau que seja rico, para maior segurança), pode dar a este romance um suplemento, casando com aquela senhora, que está aqui em Lisboa. Eu de muito boa vontade, na segunda edição deste romance, darei a possível imortalidade ao acto.
Pude também saber que o menino mais velho de António de Azevedo amolgou a comenda na borda de um tanque, e acabou por atirar com ela a um poço. Que grande democrata se está ali criando!
FIM
Camilo Castelo Branco - "ESTRELAS PROPÍCIAS" -
6ª edição conforme a 2ª, última revista pelo autor
1965
Parceria A. M. Pereira, LDA.
Foto da autora deste blogue.
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