«Foi nesta igreja que casou, em 18 e Agosto de 1841, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, na altura com 16 anos de idade, com Joaquina Pereira de França, uma jovem de 14 anos, natural de Gondomar e residindo na povoação de Friúme com seus pais.» - Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena
Ribeira de Pena esperáva-nos para o resto do percurso camiliano, tendo como guia o Dr. Emanuel Guimarães. Em dois pequenos autocarros, cedidos pela Câmara Municipal, seguimos para Friúme, local para onde Camilo vai viver, entre um a dois anos da sua vida, depois de abandonar a Samardã.
Segue-se uma pequena parte do texto de Francisco Botelho -"Camilo e Ribeira de Pena" - que vem na contracapa dos "Contos Ribeirapenenses de Camilo (Como ela o amava! História de uma porta e Sexto casamento feliz) uma Edição da Câmara Municipal de Ribeira de Pena, que, gentilmente, nos foi oferecido na visita.
«Quando Camilo Castelo Branco desceu de Vilarinho da Samardã para Ribeira de Pena, atravessando áridas paisagens do Alvão, seria um rapaz imberbe, com apenas quinze anos feitos. Convivendo com o drama da orfandade, integrado numa família para quem era mais um encargo do que alegria, Camilo começava a despontar para a vida, para o amor, para o sonho de possuir o mundo. Acredito que ao descer de Vidoedo e vislumbrar todo o vale do Tâmega verdejante, viçoso a seus pés, tenha sentido arroubos de liberdade.
(...)»
Este nosso passeio teve como mote a novela "Maria Mosés" - livro agendado para este mês de Julho, na continuação dos encontros da comunidade de leitores das "Noites de Insónia".
«Ao avistar as poldras que alvejavam poídas e resvaladíssimas ao lume de água, teve vertigens e disse: "Eu vou morrer". Pôs o berço à cabeça, esfregou os olhos turvos de pavor, e esperou que as pancadas do coração sossegassem. Depois, benzendo-se, pisou com firmeza as quatro primeiras pedras; mas daí em diante ía como que cega; a corrente parecia-lhe caudal e negra. Quis sentar-se numa das polras; e, na precipitação com que o fez para não cair, escorregou ao rio.» - Camilo Castelo Branco, em "Maria Moisés", uma das novelas do Minho - podemos considerar esta pequena jóia da literatura portuguesa, segundo Francisco Botelho, toda ela ribeirapenense.
Na foto: Ponte de arame
Na foto: Ponte de arame
«(...)E se a Ponte de Arame não é contemporânea de Camilo, ela é um local extremamente agradável
para acompanhar a leitura de dois textos alusivos à travessia do Tâmega e escritos por Camilo.
Um, através das poldras, figura na novela “Maria Moisés”. O outro, uma travessia de barca, é
descrita no Sexto dos “Doze Casamentos Felizes”.(...)» - Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena
para acompanhar a leitura de dois textos alusivos à travessia do Tâmega e escritos por Camilo.
Um, através das poldras, figura na novela “Maria Moisés”. O outro, uma travessia de barca, é
descrita no Sexto dos “Doze Casamentos Felizes”.(...)» - Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena
Ver o Roteiro camiliano completo aqui:
http://brp.no-ip.org/images/editorfile/Roteiro_Camiliano.pdf
Na foto: Convívio com 'canto coral à mistura' - José Manuel Oliveira com o cancioneiro na mão e Reinaldo Ferreira à viola.
Agradeço aqui ao Dr. José Manuel Oliveira, director do Centro de Estudos Camilianos, em Seide, a feliz oportunidade que nos deu com tão maravilhoso passeio, o enriquecimento cultural e o convívio espectacular que todos bem-dizemos e que desejámos se repita mais vezes.
Bem haja!
Ribeira de Pena- 2ª parte
2 comentários:
Gostei muito, Lucília. Como não haveria de gostar se gosto tanto de Camilo?
Esta postagem tem uma música fortemente maravilhosa.
Sobre Camilo, li, há dias, na imprensa, um artigo que corresponde ao que penso, sempre pensei. Dizia o artigo que Camilo foi retirado das escolas e do ensino e foi vítima de uma propaganda viciosa e malfazeja que pondo Eça num altar acabou por deixar a semente nas consciências de que Camilo não tinha o mesmo valor.
É verdade a sementeira deste preconceto.
E acrescentava o articulista que em Camilo há o povo, as guerras, os sentimentos violentos, ao contrário do polimento e vida plástica dos salões da vida de Eça.
Concordo.
Gostei da tua reportagem, amiga.
E obrigado.
E qd vieres de bacanças sê benvinda.
Enviar um comentário