Fonte: LITHIS
Camilo Castelo Branco: A Queda dum Anjo
Título
transgressão, passagem (queda) de um ser sem defeitos, divinizado (anjo) a um ser humano, humanizado pelo amor;
a máxima de Rousseau " O homem nasce bom, mas a sociedade corrompe-o".
Breve resumo do enredo da obra
Calisto Elói, morgado da Agra de Freimas, vive em Caçarelhos com sua mulher, D. Teodora de Figueiroa, e com os seus livros clássicos, cuja leitura é o seu entretenimento preferido. Tendo sido eleito deputado pelo círculo de Miranda, vem para Lisboa, disposto a lutar contra a corrupção dos costumes. Faz furor no Parlamento com os seus discursos conservadores, através dos quais mostra um perfeito domínio da oratória parlamentar. Defende principalmente o bom uso da língua portuguesa e combate o luxo e os teatros. Sempre apoiado na sua cultura livresca, os seus discursos fazem sensação no Parlamento, causando as mais desencontradas reacções. Defendendo sempre a moral dos bons costumes antigos e atacando os modernos, a sua figura vai-se avolumando, adquirindo uma dimensão grandiosa. Depois de atingir o climax, inicia-se o processo da queda. Esta consiste essencialmente na transformação total do herói, que adquire os costumes modernos que tanto condenava. Inicia uma relação ilícita com D. Ifigénia Ponce de Leão, com quem acaba por viver maritalmente e de quem tem dois filhos. Entretanto D. Teodora, abandonada pelo marido, vai também viver maritalmente com seu primo, Lopo de Gamboa, de quem tem um filho.
(...)
Portugal Velho Portugal da Regeneração
Inventariação do Tempo
Tempo da narração: "hoje" Cap. I - coincide com o ano de 1864;
Tempo da história: "Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra Freimas, tem hoje 49 anos, por ter nascido em 1815, casou talvez em 1835, foi presidente da Câmara de Miranda em 1840, veio para o Parlamento em fins de Janeiro de 1859 e aí permaneceu durante um triénio. É neste triénio que se desenrola a acção principal do Romance/Novela.
(...)
Calisto Anjo - Calisto Homem
A ignorância dos morgados e o atrazo em que vive o interior do país;
O casamento por interesse, causa de frustrações afectivas;
O passado, tempo de virtudes fundamentais, mas incapazes de fermentar o presente;
O tempo da regeneração, tempo de algum progresso, mas também de muita corrupção;
O desfasamento entre o discurso de "caça aos votos" e a prática parlamentar;
A defesa da língua portuguesa;
O valor positivo da sexualidade: o amor, assumido pessoalmente, é fecundo e agente de transformação;
Destruição do conflito milenar entre o prazer amoroso e o pecado/remorso.
http://www.lithis.net/28
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